
A cadeia produtiva da pecuária de corte é um segmento do agronegócio brasileiro com elevada concorrência, incertezas, diferentes resultados e faixas de ganho. O país tem o segundo maior rebanho bovino do mundo de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com um sistema de produção complexo e diversificado, para conquistar, manter e aumentar o lucro na operação pecuária cada produtor precisa considerar dados e ferramentas que dão ao gerente da propriedade e toda sua equipe condições para desenvolver seu sistema de produtividade e rendimento combinando metas às condições ambientais e mercadológicas.
É claro que o produtor não deve se apropriar de uma operação específica pensando somente em seu fim, mas encará-la como uma maneira de atingir suas metas – que precisam estar suficientemente claras por meio de números e previsões. Tomar decisões baseadas exclusivamente na intuição é um risco que o empresário rural não está mais disposto a correr. E isso tem feito a diferença nos resultados das fazendas e no desempenho da pecuária brasileira. A adoção da tecnologia e o acompanhamento detalhado dos diversos indicadores da fazenda – operacional, zootécnico, financeiro e administrativo – baseado na análise de informações precisas melhora consideravelmente a rentabilidade do negócio. Um dos indicadores a serem observados com atenção é o de ganho médio diário (GMD) e lotação.
Alguns especialistas são taxativos e dizem que lotações inferiores à 1 UA/ha e ganho médio diário inferior a 420 gramas são um forte impeditivo para que a propriedade lucre mais. Neste sentido, há aspectos importantes que podem ajustar melhor a operação ao resultado:
- previsão de abate: quantos animais serão abatidos e quando;
- previsão de desmame;
- plano técnico para atingir a meta proposta.
Sobre este último tópico, inclusive, é importante saber que donos de propriedades de confinamento de gado de corte que utilizam softwares de gestão têm 74% de aumento na produtividade. A informação é impactante pelo volume e comprovada por especialistas que já analisaram os movimentos de fazendas com e sem a adoção da tecnologia. Além disso, eles têm gastos operacionais 20% menores e obtêm 16% mais de economia nas despesas administrativas. Ou seja, o capital investido em tecnologia retorna rapidamente ao caixa em forma de aumento de produtividade e de redução de custos.
Para chegar a tais números, especialistas e estudiosos se debruçaram sobre fazendas de todo o Brasil para entender o que elas tinham em comum e como registravam esse avanço. A curiosidade se deu justamente pela mudança radical na produtividade das propriedades em pouco mais de 40 anos: nos anos 60 e 70, a pecuária brasileira era essencialmente extensiva, com pouquíssimo controle das informações e, quando esse acontecia, se dava considerando anotações manuais em papel, por funcionários que podiam se equivocar em um dado ou outro. Não existia a cultura que entende e valoriza um sistema avançado de coleta e análise de dados, coisa que começou a ser procurada pelos melhores produtores do país que focam essencialmente em dois fatores: qualidade e sustentabilidade econômica.
Essa mudança de pensamento elevou a média de produtividade da pecuária brasileira para 5,57 arrobas por hectare entre os anos de 2013 e 2017, conforme publicado recentemente no estudo Ativos da Pecuária de Corte, feito pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Isso é 22,2% a mais do que os índices obtidos entre 2007 e 2012
Quem obtém lucro na operação pecuária de corte?
A Agropastoril Campanelli é uma empresa familiar que atua na agricultura e na pecuária e que se tornou referência em gestão de confinamento no Brasil, sendo essa sua principal atividade. O uso da tecnologia está no DNA da empresa que desde o início da operação, há 8 anos, já fazia o controle de dados do confinamento. Contudo, a partir de 2015 com a implantação de soluções mais modernas a empresa integrou os módulos de controle para gestão do confinamento, automação do trato e rastreabilidade que otimizou a operação e permitiu o acompanhamento minucioso de todo o ciclo produtivo facilitando a administração do confinamento.
— Hoje estamos num nível de gestão no confinamento que sem esse software a gente nunca estaria. A gente tem desde a gestão da rastreabilidade até a gestão do fornecimento todo automatizado, atualmente na fazenda a gente não usa mais papel. – diz Victor Campanelli sobre a virada do sistema com a tecnologia integrada na administração do seu negócio.
O primeiro passo para isso acontecer é fazer uma coleta precisa para gerar dados confiáveis. O segundo e o mais importante passo na gestão eficiente do confinamento de gado de corte, é analisar os dados corretamente, preferencialmente com o apoio de uma equipe especializada, formada por zootecnistas e estatísticos para interpretar o que o software recebe de informação e converter em gráficos de curva de evolução.
Integração entre lavoura e pecuária é alternativa para aumento na margem de lucro
Integrar à atividade pecuária à agrícola tem sido uma alternativa adotada por produtores de gado de corte para aumentar o lucro na operação. A prática da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é vantajosa, uma vez que proporciona melhorias do solo e do pasto. Além disso, observa-se resultado positivo de ganho de peso do rebanho durante todo o ano.
O coordenador de Integração Lavoura-Pecuária (ILPF) da Cooperativa Agroindustrial Cocamar, Renato Watanabe afirma que o sistema que pode se tornar fundamental em um futuro nada distante permite intensificar a produção e pode contribuir para a consolidação do Brasil como produtor mundial de alimentos prezando pela preservação das florestas.
Em Altônia, noroeste do Estado paranaense, os custos da atividade pecuária e das despesas da Fazenda Califórnia são oriundos da produção de soja. O produtor progride de forma significativa com a adoção do sistema que integra a lavoura com a pecuária. Armando Gasparetto, dono da propriedade, se mostra satisfeito com os resultados e afirma não enxergar futuro para a pecuária sem integração com a agricultura – o que afeta diretamente o lucro na operação pecuária. “Antigamente, quando falavam de reformar o pasto, já ficava preocupado. Hoje, acredito que sem a integração é impossível trabalhar. Essa prática foi a solução pra mim, indico e aconselho a todos que conheço”.
Segundo o pecuarista, o cultivo contínuo de soja, capim e a criação de gado interrompeu o efeito sanfona. Ou seja, o ganho de peso do rebanho no verão e a perda de peso durante o inverno. O que interferia no abate animal, que chegava a passar de dois anos. A prática de integração ao permitir aproveitamento do solo e do pasto, manteve o campo em bom estado até mesmo no inverno, garantindo o peso animal. A Fazenda Califórnia somou aos resultados positivos desta integração, o ganho de peso diário do gado de 1,2 kg/cabeça, em uma área onde a média diária é de 250 gramas.
Para que o sucesso que envolve o aumento do lucro na operação pecuária possa ser atingido, o produtor precisa contar com planejamento e apoio profissional e eficaz, uma vez que o sistema de integração com a agricultura exige uma quantidade maior de processos acontecendo ao mesmo tempo dentro da propriedade. Além disso, para implantar tal sistema é necessário investir, seja na correção do solo, custo operacional com maquinário, ou ainda com necessidades específicas. Mas, vale ressaltar que a expectativa de reversão do capital investido é de um ano.
Lucro na operação pecuária: nem todos conseguem aferir
Talvez você não saiba, mas a maioria das propriedades pecuárias do Brasil não consegue apurar corretamente quanto lucrou ao final do ciclo produtivo. Infelizmente o percentual de negócios nesta situação é altíssimo e pode chegar a 80% das fazendas. A avaliação é do engenheiro agrônomo Daniel Pagotto.
Segundo ele, no tocante ao lucro na operação pecuária, falta às empresas o acompanhamento por meio da tecnologia e a adoção de um conceito de gestão financeira que considera aspectos como:
- criação de um orçamento anual;
- gestão completa e eficiente do fluxo de caixa;
- estruturação de um balanço patrimonial gerencial;
- validação de controle de riscos financeiros;
- compartilhamento das informações aos sócios e herdeiros do negócio.
Considere que a observância desses pontos e da adoção da tecnologia na propriedade é o que vai levar a sua propriedade aos próximos 20 anos — e não o que trouxe ela nas últimas duas décadas. E isso inclui rever a margem de lucro por hectare de cada empreendimento.
— O lucro médio das fazendas brasileiras de gado de corte é de R$ 37, o que é financeiramente inviável. O objetivo a ser buscado pelos produtores é uma cifra que ultrapassa os R$ 400/ha – , afirmou.
Para saber mais sobre como aumentar o lucro na operação pecuária e transformar a gestão da sua propriedade, acesse o nosso site e leia outros artigos do nosso blog.
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