Nutrição animal – É de “tirar o sono” do pecuarista
A nutrição animal representa aproximadamente 80-90% do custo total da produção dentro de um confinamento. Literalmente é de tirar o sono do pecuarista devido à sua representatividade e deve ser tratada com atenção, pois afeta a lucratividade do negócio.
Para esta análise, utilizamos a base de dados de clientes GA, com aproximadamente 1,5 milhão de cabeças abatidas, considerando o período de janeiro a maio nos anos de 2019, 2020 e 2021.
Primeiramente, avaliamos o lucro bruto (R$/cabeça) e percebemos que houve um declínio de 2019 para cá. A margem em 2019 foi de 15,04% e passou para 25,66% em 2020, caindo em 2021 para 7,59%. O ano de 2020 favoreceu boas margens para o pecuarista que iniciou o período confinado com estoques de insumos abastecidos e obteve boas negociações de compra de animais de reposição. Somado a isso, conseguiu excelentes resultados devido às altas da arroba do boi gordo. Já 2021, a situação está totalmente diferente com as altas dos custos dos insumos e do boi magro, exigindo melhor gestão do confinador. Confira na tabela abaixo:

Já o custo alimentar em R$/cabeça sofreu uma alta crescente no mesmo período avaliado. Em 2019, ele representava 81,74%, em 2020, 83,42% e em 2021 passou para 87,09%. Veja na tabela abaixo:

Fica evidente que a nutrição animal está impactando cada vez mais o custo total da produção, com representatividades muito próximas de 90%. Dessa maneira, o pecuarista PRECISA utilizar outras estratégias para melhorar esse cenário.
Analisando a visão do resultado (tabela abaixo) realizado nos últimos 3 anos, vemos uma evolução nas @ produzidas. Em 2019, foram produzidas 7,68@. Já em 2020, houve um ganho de produtividade que atingiu 9,31@ e, em 2021, uma diminuição para 8,14@. Importante destacar que o aumento registrado em 2020 reflete um aumento da quantidade de dias de cocho (o detalhamento dos índices zootécnicos será apresentado no conteúdo de produtividade).
Considerando uma carcaça de 21@, em 2019 as 7,68@ produzidas representavam 35,44% da produção em confinamento; em 2020 representou 41,51% e em 2021, uma participação de 39,29%. Quando avaliamos o custo em R$/@, vemos que em 2019 ele representou 58,64%; em 2020, 50,9% e em 2021, diminuiu para 48,92%, o que favoreceu a margem do pecuarista.
Ao decompor o custo do boi magro e seu ágio frente ao boi gordo, podemos perceber que em 2019, praticamente não houve ágio, ou seja, o valor pago pelo boi magro foi muito próximo do valor de venda do boi gordo, representando apenas 0,22% de ágio. Já em 2020, houve um deságio dessa relação, com valores negativos de -9,24%, que indicam melhor lucratividade ao produtor. No entanto, nos primeiros 5 meses de 2021, notamos que o boi magro já representa 13% do valor do boi gordo, uma demonstração do quanto as altas da reposição afetam o lucro.
Mesmo com uma melhora na produção de @ dentro do confinamento, a margem do pecuarista se estreitou e o ano de 2021 está sendo desafiador. Fica claro a necessidade de trabalhar com uma gestão madura, onde os custos são controlados, existe gestão de estoque e boas negociações dos animais de reposição. Para obter tudo isso, é preciso dados completos da sua propriedade, que podem ser obtidos através de sistemas de gestão e auxiliam na tomada de decisões de maneira assertiva.
Outro fator notado em nossa análise foi que historicamente, no segundo semestre do ano, há uma valorização nos preços de venda em R$/@. Destaque para o ano de 2020 com aumentos representativos a partir do segundo semestre e atenção também para 2021 com o “descolamento” significativo dos valores, devido às altas da arroba, conforme levantamento abaixo:

A sinalização de preços de venda melhores para o segundo semestre, mostra uma oportunidade para produtores atingirem um melhor retorno financeiro sobre a produção, ainda em 2021. Para tanto, só será possível para aqueles que forem MUITO eficientes da porteira para dentro.
Para finalizar, elencamos algumas estratégias nutricionais que vão muito além do custo da dieta e podem ser aplicadas na propriedade:
- Bom planejamento das atividades;
- Gestão do estoque;
- Eficiência na fabricação;
- Eficiência no fornecimento;
- Avaliar o desempenho do animal criteriosamente;
- Avaliar o retorno sobre os investimentos em eficiência;
Nesta sequência de artigos vamos debater todos os itens acima. Acompanhe!
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Conteúdo e Estudos:
Marcelo Ribas (CEO Intergado)
Veterinário, doutor em Zootecnia e responsável pela área de pesquisa e inovação da Intergado.
Paulo Marcelo (CEO da GA)
Zootecnista, mestre em Produção Animal e pioneiro na aplicação da ciência de dados na pecuária.
Análises:
Time de Estatísticos e Cientistas de Dados GA e Intergado
Produção do conteúdo:
Milena Marzocchi (Analista de Negócios da GA)
Zootecnista, mestre em produção animal sustentável, especialista em marketing.